Quase diário



12/10/2010



a mudez dos livros sobre a estante, os pecados encravados nas paredes, os retratos pálidos de omissão afogam segredos do que já não é.os silêncios varrem minhas verdades para debaixo dos tapetes.

no suado do medo todas as memórias abrem suas gargantas a me devorar, enquanto a alegria da vida lá fora, me fere no corpo, na alma, nos pulmões.


calo e sangro!


a casa vestida de púrpura também emudece enquanto a sozinhez lança dardos pelos cantos, e transita pelos vãos sem me olhar, sem falar, sem me ouvir.

é cega, muda e surda esta sozinhez que me ocupa, cicatriz definitiva nos sonhos, na voz, na espinha.


calo minha raiva, engulo a ira, amarro o grito.


lá fora o dia feliz gargalha enquanto sangro nas agonias que me habitam.


sozinhez é dor escarlate e ferina.

nem deus me aninha!

anadeabrãomerij

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