Algumas Palavras






I.



escuto o nada!
e,
negocio com o Verbo todos os meus vazios, deixo que paire por minha nudez estática, e se espalhe na plenitude desta imensa escuridão que me habita.
nada digo... nada preciso dizer... 
apenas a submissão para que me possua.
e, 
caminhe entre os veios desta sozinhez, gravada nas portas sem saídas, nas janelas sem vida, pelas sombras de cada uma das  minhas esquinas.
e,
aguardo que vague por minha alma desabotoada, e corte cada entrelinha que me corta,qual adaga. 
eu raso...
eu rasgo...
eu fuso-me:
- sem defesas, sem limites, sem par.
ao Verbo me entrego.
e ,
nunca sei onde isto vai dar!
anadeabrãomerij




II.


A morte nada disfarça, grita uma ausência escandalosa que ultrapassa o fôlego de mil palavras, o verbo é roxo, e o peito rocha.


Deus é longe, acelera-te e ora serinho, junta tuas guias, tuas velas, decora teu altar com magnólias.
Alarga tuas preces e chora.
Ninguém sabe onde Deus mora!



Tudo se desata no nada.
Um verso sonda a paisagem, o dia escorre rubro do verniz das portas.
A casa impotente, muda e plasmada, acolhe nos braços todos os seus fantasmas.
Ninguém pergunta, mas respondo:- a vida é assim mesmo, vesga e torta!


anadeabrãomerij

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