Da vida ,as tessituras

I.
_  ENTARDECER _

os mesmos caminhos de outrora e essa fome qual adaga rasgando-me a alma em retalhos opacos das evidências do nada
qual maldição recai sobre o poema uma dor escarlate respingando sal e sangue sobre minhas retinas vedadas
perdidos os dias amarelos que nasciam em minhas mãos meninas, a desenhar girassóis na cara do sol.
exilado, o arco íris das sobretardes reluzindo–me mulher a carpir os mistérios do corpo no mapa do desejo
_ entardeci!
perdi acessos ao divino, e não aprendi como seguir nessa viagem interdita, repleta de armadilhas, de trevas e ocos desse madurar que chegou.
o tempo trespassa minha face e fere a carne, agonizo entre a incompletude do hoje e o invisível do amanhã
orvalham minhas pálpebras !
meus lábios se calam enquanto mastigo memórias nessa busca de gostos do ontem.
folhas secas pairam em minhas páginas, retratos, leiras e veredas
busco compassos idos, sorrisos soltos, abraços largos, beijos livres, sabores, gozos...
semente madura, ventre fecundado de inocências passadas, recolho ervas finas nas primaveras vividas para temperar-me: _ outono sou!

anadebrãomerij

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