segunda-feira, dezembro 21, 2009




_ no silêncio , a saudade habitada _

( poema para meu Pai)


existiu um tempo em que * a felicidade sentava-se todos os dias no peitoril da janela...* Jorge de Sena



na ramada de úmidos lírios

a casa suspira aromas de primaveras

como se de um cesto de frutas colhidas frescas

a pureza de infâncias derrama-se sobre a mesa



enquanto o tempo aprisiona a tua eternidade

semeio-te vento onde respira a nossa história

nos jardins, nas clareiras, nas azinhagas, no ar



assim, de ti me acerco com os olhos exaustos da luz

entre as esquinas da memoria a pastorar os silêncios

onde respiram asvelhas canções de ninar teus cansaços

como um poema ferido de amor sob o látego da insônia



assim, de ti me acerco nas madrugadas de ausências irremediáveis

pelos cantos desocupados onde procuro-te nesse vazio que nada preenche

como se a morrer-me em oferta consagrada

para atingir-te uma vez,outra vez, e mais outra

porque ainda caminhas:- por essa dor inacabável!



anadeabrãomerij

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