domingo, fevereiro 07, 2010




Tempo...tempo...tempo...


Sem uma longa nota de cello ao fundo, eis-me aqui, divagações em preto no branco:-tempo, corpo sem grandeza.

Penso, logo existo?

Não sei se quero essa circunstância filha-falha dos pensamentos, menos esse jeito de existir entre o que aprendi (ou desaprendi) dos pesos, medidas e consistências.

O que arde é a memória!

Perco-me na fonte dos primeiros gritos-espantos, no esquecimento da urna primitiva de palavras virgens.

O que sangra é o remorso:- de um domingo qualquer,lançado no vale dos despercebidos, das taças de vinho afogando alegrias inacabadas, da inocência ferida,condenados aos desterros do nada.

Pois é, ainda me sinto consignada em tudo isso, nos sorrisos das tardes, nas manhãs assanhadas dos sábados beira-mar, de nossas mãos entrelaçadas, das velas pandas iluminando nossos corpos : - delicadezas da vida.

Findos!

Tempo... tempo...tempo...tempo!


Faltou o tempo propício... faltou um azul plausível.


Sabe, esse opaco em minhas retinas é porque o olhar perdeu o tom e quebrou asas entre as estreitezas de qualquer fardo.


Olho bom é alado!

anadeabrãomerij

Um comentário:

  1. Ola Nana;
    Obrigado pelo seu talento e por compartilhar comigo esses seus belos e claros pensamentos.
    Estou chefiando um projecto no Noroeste da Australia, onde me sugeriu o que abaixo lhe envio.
    Aqui,
    nesta terra plana que o céu cobriu de vermelho,
    nascem flores tímidas desafiando o sol quente do trópico australiano.
    Aqui,
    onde a chuva escasseia, batráquios moribundos procuram em vão, um charco onde chapinhar.
    Aqui,
    o homem caminha, errante, em busca das tardes perdidas.
    Aqui,
    o sol castiga a pele mirrada no nascer de cada dia.
    Aqui,
    não há sonhos de menino, nem uivam cães à lua.
    Aqui,
    A longa e seca planície entristece os deuses.
    Alberto Ribeiro
    Port Hedland
    Australia
    8-2-2010

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