sexta-feira, fevereiro 19, 2010




[ de longes-pertos e algumas luas ]

_pictografia_



[que pinte o primeiro verso,quem da vida-nunca provou advérbios...]




quero um poema que conheça d' águas os riscos

que caminhe sobre elas feito os barcos pescadores

biblicamente audaz, confiante como se fora cristo



quero um poema verde-lilás, sem medo de se afogar

como só sabem os oceanos em dias de fúria e maré alta

um poema que mergulhe nas ondas sem naufragar



quero um poema alado, que flane por trilhas de sabiás

que converse com eles e afine sua voz nas cordas do seu canto

melodiosamente, como se fora um seresteiro nas noites de luar



quero um poema que saiba o gosto do orvalho das manhãs

mas beba do fel, mergulhe nas dores, deslize entre labaredas

que no fogo sem se queimar, delire em febre terçã



um poema que ande no escuro com olhar de claridades

onde a vida caiba num ninho de passarinhos, no caldo da cana caiana

quero um poema :_ que faça surgir o impossível milagre!



nanamerij

17/02/2010

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