quarta-feira, maio 12, 2010

_ ranhuras da vida  _



[mãe, perdi meus carneiros...]

a dor , fratura-me é na alma
tritura meus passos e sem compasso
sigo entre pedras, tropeços e avessos
a catar teu alfabeto nas filigranas dos dias
para escriturar nossa história
por ti,perdida

minhas letras quedam na escuridão entre as fissuras da vida
minha palavra amordaçada pelos enigmas de tuas ausências
vai e volta, prenhe das perdas e vazios que te ocupam

mãe perdi meus carneiros...
sobrou-me somente, esse susto diante o branco das horas 
onde mãe, retidas as páginas das tuas memórias?


insone, nessa noite de velar teu sono, tudo que tenho cabe aqui:
 -  no vento assombrando esses corredores mudos
 -  nas tuas mãos esquecidas das cantigas de ninar
 - nos mistérios dos teus olhares plenos de nadas
 -  nas ranhuras desse tempo voraz  e traiçoeiro

mãe...ó mãe:
_ [perdi meus carneiros!]

anadeabrãomerij

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