segunda-feira, janeiro 25, 2010




( a terceira margem da vida )



_ manjedoura de concreto_





aziago , o pranto que singra a terceira margem da cidade

um rio de sangue e fome ,derrama-se pelas ruas e calçadas

nasceu um menino-feio-esquálido nos vãos frios do viaduto





nenhum anjo apareceu,reis não vieram,sequer uma estrela pífia

a indicar os atalhos daquela via dura e crua de aço e concreto

somente a sentença inapelável das vielas de riscos e errâncias

no saco de papel,onde maria abençoou o cordão de seu umbigo





nasceu um menino, condenado a espreitar a vida pelas frestas

urbanas, sem loas, sem trombetas , sem visitação, sem unção

nasceu um menino-triste,destinado a crucificação dos excluídos





na manjedoura de concreto,vigas de aço se acendem como círios

nasceu um menino,e mais outros, lá na terceira margem da vida:

_ açoitados cristos!



nanamerij

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