domingo, novembro 07, 2010

_ ossos e espinhos _

rasgo os pulsos e as artérias da Palavra,perdida
entre os silêncios de Deus,e seus mistérios escondidos
grito minha ira,entre três pai nossos e dez ave-marias
 
urge,
desarrumar memórias e revirar suas frestas
desmontar os dias e penetrar nas fissuras da Cruz
atravessar os espelhos ,descobrir as janelas
 
beber os últimos goles da água benta,velha e suja 
para escaldar a alma sem temor de encarar os santos
queimar a interdição dos pecados,afogar as culpas 
 
cuspir mil impropérios,como quem reza
lamber as chagas e cicatrizes da morte
 
roer
doer
vazar
cortar
sangrar em ritual
 
no altar dos ofícios,tomar a Hóstia desta ferida vertebral
 
anadeabrãomerij

3 comentários:

  1. Nana, vc é magistral!!!!!!!!!!!!!!
    Bjs

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  2. Poema profundo, belo, triste, radical. Vc não escreve por escrever. O Tempo urge e a beleza da boa Poesia precisa tomar seu prumo e sua seta certeira. Vc sabe das coisas. Entende da alma dos homens. Obrigado pela emoção que vc me proporcionou.
    Tanussi Cardoso, poeta

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  3. Obrigada meus Queridos!
    Voltem sempre.
    Bkos, anamerij

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