domingo, fevereiro 28, 2010


[Chagall]

_ sozinhez é o ventre do mundo _


no ossuário da paixão
nasce o poema como argamassa
molhando meus passos como se orvalho soturno

molha as palmas das palavras
molha as pálpebras da escrita

molha-me....
como se fora chuva ao girassol

da morte da semente
nasce o poema em sua lápide
olhando meus olhos em canto fúnebre
vagarosamente, como quem tem algo nas mãos
e já não tem nada

dos escombros do horizonte
nasce o poema vacilante entre pedras e imagens gastas
tocando minha escrita com a lucidez de quem sabe ao caos
silenciosamente, como quem tem soluços na alma
e já não tem voz

queda-me assim esse poema sem bandeiras
volátil, porque tudo se desfaz na garganta do efêmero

eu cavo, eu rezo, eu fio
em seu caminho desmembrado do que ainda é talvez

em réquiem, eu fuso:

[-uma linguagem outra, que mora na sozinhez do mundo]


anadeabrãomerij

2 comentários:

  1. De minha parte, sabendo que essa sozinhez é apenas poética,dou as caras por aqui.

    Meio oculto, para não enfera o que é perfeito.

    Abraços,
    Antonio Adriano de Medeiros

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  2. Obrigada Adriano, vc. por aqui, é e será sempre um prazer. Volte, as portas sempre abertas para os amigos nem carece de bater, só entrar.
    Bjs,nanamerij

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